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Weight cutting: Sal no banho quente ajuda a suar mais?

Em desportos em que os atletas são divididos em categorias de peso (como os desportos de combate), é prática frequente a utilização de métodos de perda de peso rápida (o chamado weight cutting) na tentativa de ganhar uma vantagem sobre o adversário.

Apesar do weight cutting ser prevalente em todos os desportos de combate, é no MMA onde é mais utilizado (76% dos atletas) e de forma mais extrema, com uma média de 5 a 10% do peso corporal perdido na semana antes do combate.


A estratégia dominante para a perda de peso rápida é a redução de fluidos corporais, seja por desidratação ativa (sudorese através do treino/exercício) ou passiva (banhos quentes, saunas, restrição de fluídos).

Um método popular de desidratação passiva é a imersão em banhos quentes, em que o atleta se deita numa banheira de água quente até induzir a sudorese, depois seca-se, veste roupas quentes, deita-se e é enrolado em toalhas/cobertores por mais tempo. Este ciclo repete-se até chegar ao peso objetivo.





Empiricamente, como parte do protocolo é comum os atletas adicionarem sal na banheira, mais concretamente sal de Hepson (sulfato de magnésio), acreditando que isto vai aumentar a taxa de sudorese relativamente a um banho sem sal. A teoria é que o sal vai aumentar a diferença de pressão osmótica entre o meio de imersão e os fluídos corporais, facilitando a saída de água do corpo para o meio.


Esta prática até tem algum fundamento já que estudos anteriores mostraram que a imersão até ao pescoço por 4h em água do mar aquecida a 38ºC produziu uma perda de mais 0,6kg quando comparado com água sem sal (Hope, Aanderud, & Aakvaag, 2001).


Muito recentemente, investigadores da universidade de Dublin decidiram testar esta prática e sujeitou 11 atletas profissionais de Elite a um protocolo que tentou simular o que normalmente acontece nas horas que antecedem a pesagem oficial de um evento.

O protocolo era simples: cada atleta fez um banho de imersão em água quente (37,8ºC) por 20m, seguido de 40m deitado e embrulhado em cobertores (ronda de 60m). O processo foi realizado em 2 rondas seguidas, num total de 120m.

A experiência foi feita em 2 períodos diferentes com os mesmos atletas: uma vez com água sem sal, outra com 2kg de sal de Hepson na água (concentração de 1,6% peso/volume). A quantidade de sal utilizada foi baseada nas experiências pessoais dos atletas, e parece refletir a prática comum no desporto.


Os resultados? A adição de sal na água não produziu uma maior perda de peso. Ambos os métodos resultaram numa redução média de 1,6kg ou 2,1% do peso corporal (1,63 ± 0,75 kg na água sem sal vs. 1,60 ± 0,80 kg na água com sal).


Porém os investigadores ressalvam alguns pontos:

  • Poderá ser possível que a concentração de sal a pôr no banho tenha de ser consideravelmente maior (cerca de 3,5%), ou seja pelo menos 2x maior à que foi utilizada.

  • Muitos atletas referiram que a água estava pouco quente para o que estavam habituados (apesar de não medirem a temperatura com um termómetro).

  • Na realidade, o tempo despendido nos banhos e cobertores varia muito de atleta para atleta: um deles referiu que habitualmente perdia cerca de 5kg em 2 sessões de 60m no banho, seguido de 15m nos cobertores por ex; outro atleta referiu que fazia 9 rondas de todo o processo.


Resumo:

Em atletas de MMA os banhos quentes são um método eficaz de perda de peso rápida no contexto de preparação para um combate, contudo, a adição de sais de Hepson ao banho não parece trazer qualquer benefício nas concentrações habitualmente utilizadas.


Referência:

John Connor, Adam Shelley & Brendan Egan (2020): Comparison of hot water immersion at 37.8°C with or without salt for rapid weight loss in mixed martial arts athletes, Journal of Sports Sciences, DOI: 10.1080/02640414.2020.1721231

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